Li, há muitos anos, um livro composto de pequenas histórias do quotidiano. Seduziu-me a simplicidade com que eram relatados, e a frase que lhe dá o título – “Viver todos os dias cansa“1 – nunca deixou de me assombrar. Existe entre esse livro e esta série uma semelhança de fundo: ambos anseiam elevar ao estatuto de Obra as pequenas coisas.
Estes trabalhos nomeados a partir de títulos de livros, são uma síntese de um ensaio que vem a ser trabalhado desde 2012 e que aborda o conceito de tempo a partir da sua forma presente.
O ´presente´ entendido como mais do que que um ponto indivisível de charneira entre o que foi e o que virá, como nos ensina a tradição ocidental. Este, que se apresenta, é um espaço alargado e intangível, sempre igual na(s) diferença(s) de si a si. São estas repetições sempre diferentes que constituem a grande parte da nossa existência e que, por isso mesmo, acabam por se tornar invisíveis.
Como nos diz Jean-Marie Pontévia “o visível, à força de ser visível, deixa de ser visto2”.