«Acolher o olhar de outrem não é olhá-lo, é dar-se a ver. O olhar de outrem é, por natureza, algo que me invade e me penetra, me expõe e devolve numa relação modificada comigo mesmo.1».
“o sentido da relação de uma consciência com outra consciência é o conflito.
Deste modo, aí onde o ser-para-si se prolonga no ser-para-outrem, ou seja, aí onde surge para um sujeito a consciência de um outro que não está apenas diante dele na sua pura existência corpórea, mas que é uma outra subjetividade ou um outro ser-para-si, aí surgirá também o conflito como figura originária de sentido de toda a qualquer relação intersubjetiva.2
Para que uma provocação seja materializada é necessário provocar a tensão com o outro através da intersubjetividade. Conforme a leitura supra citada de Pedro M. S. Alves das palavras de Sartre «o conflito é o sentido originário do ser-para-outrem»3, a intersubjetividade pressupõe, o conflito entre mim e o outro. Esta tensão propõe-se também que se estabeleça de uma outra forma: entre mim e o outro-que-sou-eu, ou seja, o outro que me olha, impelindo o espetador a olhar para si, numa atitude autocrítica.